Petistas em MS são contra a postura do governador Eduardo Riedel - Foto: Midias Sociais/PTMS/Arquivo
A declaração pública do governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), em defesa da anistia aos presos pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, provocou forte reação entre parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT) no estado. O posicionamento do chefe do Executivo estadual gerou desconforto na base aliada e abriu espaço para um possível rompimento político.
No domingo (6), Riedel usou as redes sociais para se manifestar a favor da anistia irrestrita aos envolvidos na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília. Na postagem, o governador revelou ter dialogado com lideranças como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e a senadora Tereza Cristina, para defender uma revisão das penalizações aplicadas aos detidos.
“Considero necessário aprovar uma anistia, que em muitos casos também tem caráter humanitário. Do meu ponto de vista, não dá para julgar e penalizar com a mesma régua o que é completamente diferente!”, escreveu Riedel.
A fala provocou uma enxurrada de críticas por parte da bancada petista na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. A deputada estadual Gleice Jane (PT) repudiou a declaração e sugeriu que o partido reavalie sua permanência na base do governo estadual. “A postura adotada pelo chefe do Executivo sul-mato-grossense coloca em risco a segurança do povo. O PT não pode mais compor este governo”, afirmou.
O deputado estadual Zeca do PT também se manifestou com indignação, acusando Riedel de tentar beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro. “Fica claro que Riedel quer anistia para o inelegível e inominável ex-presidente, e esconde sua intenção falando das pessoas que estão presas. Não são velhinhas, são homens adultos que atentaram contra a democracia”, disparou.
O também deputado estadual Pedro Kemp (PT) defendeu que o partido deixe a base de apoio a Riedel. “Não é possível conviver com um governo que apoia golpistas e não tem apreço pela democracia. Golpe nunca mais. Democracia sempre”, declarou.
A crítica ao governador também repercutiu na bancada federal. O deputado Vander Loubet (PT-MS) classificou o posicionamento como vergonhoso. “Discordamos inteiramente do apoio do governador à anistia dos envolvidos na tentativa de golpe. A defesa da democracia é um valor inegociável”, pontuou.
O projeto de lei em questão, de autoria do deputado federal Sóstenes Cavalcanti (PL), propõe a anistia de envolvidos direta ou indiretamente nos atos de 8 de janeiro e em manifestações anteriores com teor golpista. A proposta segue em tramitação no Congresso Nacional e tem causado divisões entre lideranças políticas.
A crise política instalada no Mato Grosso do Sul poderá reconfigurar o apoio ao governo estadual na Assembleia Legislativa, caso o PT decida, de fato, romper com a base aliada.