Alta é temporária, mas pode afetar cenário de 2021, afirma Bruno Serra
16/012021 15h05 - Por Agência Brasil
O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Bruno Serra, disse que o resultado da inflação de 4,5% em 2020, acima do centro da meta, foi "espetacularmente" melhor do que uma inflação de 2,1%, como previsto pelo Banco em setembro do ano ado.
A meta projetada era de inflação de 4%.
Na terça-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do ano ado ficou em 4,52%.
"Estamos entregando uma inflação acima do centro da meta, o que nunca é desejável. Mas, como a gente está sempre perseguindo o centro da meta, que era de 4% em 2020, 4,5% é espetacularmente melhor que os 2,1% que a gente imaginava no final de setembro", disse Serra, durante videoconferência sobre a conjuntura econômica brasileira promovida pela XP Investimentos.
De acordo com Serra, a alta da inflação é temporária, mas pode afetar o cenário de 2021. O diretor do BC explicou que a alta foi puxada pelo câmbio e pelo preço de commodities (produtos primários com cotação em mercados internacionais) que subiram mais do que o esperado.
Segundo Serra, outros fatores de pressão para a alta da inflação foram o dinheiro do auxílio emergencial, questões climáticas que impactaram colheitas no sul do país e a restrição na produção de petróleo da Arábia Saudita.
"Teremos uma inflação um pouco mais alta do que imaginávamos, algo que teremos que avaliar nos próximos ciclos.
Mudou muito o cenário de commodities de dezembro para cá e teve uma mudança no câmbio também", acrescentou.
Serra disse ainda que o BC deve rever em breve a taxa básica de juros (Selic), que atualmente está em 2% ao ano, mas ressaltou que a alteração vai depender do rumo que tomar a política fiscal do país.
"A taxa de juros estrutural da economia brasileira não é 2%.
Não é a taxa em que o Brasil vai conviver em situações normais. É o nível que o Banco Central precisou colocar para perseguir a meta de inflação em um ambiente bastante típico", afirmou.
Na próxima semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) realiza a
As alterações devem ocorrer após a votação do Orçamento de 2022, após o início do ano legislativo, em fevereiro.
"É um debate que vai acontecer no devido tempo, ao longo dos próximos trimestres. O debate já está ocorrendo no mercado e é natural que ocorra do nosso lado também", afirmou.