Está em andamento um minucioso trabalho de um grupo criado para diagnosticar, aprimorar e acelerar as investigações dos crimes praticados contra as mulheres, garantindo mais eficiência no atendimento da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM). Seis mil boletins de ocorrências de várias cidades do Estado que serão revisados. A ideia é aperfeiçoar a estrutura, integrar os Poderes e melhorar o atendimento prestado às mulheres vítimas de violência.
Nesta sexta-feira, dia 28 de Fevereiro, o vice-governador de Mato Grosso do Sul, José Carlos Barbosa, o Barbosinha, esteve na Academia de Polícia Civil (ACADEPOL) para conhecer de perto os avanços do Grupo de Trabalho (GT) criado no âmbito da Delegacia-Geral da Polícia Civil, e coordenado pelos delegados Márcio Rogério Faria Custódio e Maria de Lourdes Cano.
A criação do grupo foi uma das medidas tomadas pelo governo estadual após o brutal assassinato da jornalista Vanessa Ricarte. Ela foi morta a facadas pelo ex-noivo, o músico Caio Nascimento, no dia 12 de Fevereiro. O autor está preso preventivamente.
Após o feminicídio, vieram à tona áudios enviados por Vanessa a uma amiga na qual ela revela desapontamento com o atendimento na Delegacia da Mulher que ela procurou horas antes do crime. O caso gerou grande polêmica com repercussões internas na Polícia Civil.
Aprimoramento - Durante a visita, Barbosinha destacou a importância do trabalho integrado para garantir respostas mais ágeis às vítimas. “O primeiro o foi um mergulho interno para diagnóstico da situação, avaliando os boletins de ocorrência, identificando demandas de tecnologia, estrutura e pessoal. A partir disso, fortaleceremos o diálogo com o município, a União e as instituições do sistema de Justiça, como Ministério Público, Defensoria e Tribunal de Justiça, para avançarmos nas medidas possíveis e aprimorarmos esse atendimento tão essencial”, afirmou.
Segundo o delegado Márcio, a equipe já iniciou uma análise detalhada das ocorrências para traçar estratégias mais eficazes. “Estamos atuando em duas frentes: reduzir o ivo acumulado, priorizando os casos mais urgentes, e aperfeiçoar o gerenciamento de risco para garantir provisões imediatas às vítimas que correm maior perigo. Além disso, estamos implementando ferramentas tecnológicas para melhorar a triagem e acelerar as investigações”, explicou.
Já a delegada Maria de Lourdes ressaltou que todos os boletins de ocorrência estão sendo minuciosamente revisados para garantir o encaminhamento adequado ao Poder Judiciário.
“Desde os casos de menor potencial ofensivo até os de grande gravidade, nossa prioridade é garantir que as vítimas tenham proteção e que os agressores sejam devidamente responsabilizados. Estamos trabalhando com máxima celeridade para que nenhuma mulher fique desamparada e para que aqueles que praticam violência doméstica sejam excluídos do convívio social, quando necessário”, pontuou.
Com prazo inicial de 90 dias para conclusão dos trabalhos, o Grupo de Trabalho da Polícia Civil representa um avanço significativo no combate à violência contra a mulher em Mato Grosso do Sul.