Diretor Geral da Polícia Civil, Lupércio Lúcio, tenta conter ‘severas críticas’ após áudios apontarem falhas na DEAM
O assassinato da jornalista Vanessa Ricarte, morta a facadas na última quarta-feira (12) em Campo Grande, gerou forte comoção e reacendeu o debate sobre a efetividade dos protocolos de atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica em Mato Grosso do Sul. O crime foi cometido pelo músico Caio Nascimento, preso em flagrante, e trouxe críticas ao atendimento prestado à vítima pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) antes do homicídio.
Diante da repercussão, o Delegado Geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Lupérsio Degerone Lúcio, emitiu uma nota orientando delegados e agentes a evitarem declarações à imprensa sobre o caso. Segundo ele, a medida busca impedir embates públicos e permitir uma análise técnica de possíveis falhas e melhorias na rede de proteção às mulheres.
No comunicado, Degerone destacou a necessidade de respeito ao luto e à indignação social, reforçando que o momento exige reflexão e aprimoramento dos serviços prestados pela Polícia Civil. A orientação foi encaminhada a diretores de departamento, coordenadores, assessores e delegados regionais, pedindo que policiais evitem debates nas redes sociais e outras plataformas digitais.
A polêmica cresceu após a divulgação de áudios enviados por Vanessa a uma amiga, nos quais ela relatava sua experiência ao buscar ajuda na Deam. O conteúdo reforçou críticas ao atendimento da delegacia especializada e aumentou a pressão por mudanças nos procedimentos adotados.
A nota da Polícia Civil reconhece as críticas e menciona que “nesse momento de luto e comoção social, são inúmeros aqueles que se levantam em severas críticas ao atendimento prestado pela Deam e aos protocolos da rede de proteção, solicitando providências dos Governos Federal e Estadual para que fatos dessa natureza não mais ocorram.” O texto também cita que embates entre policiais e críticos da atuação institucional têm ocorrido em plataformas digitais, justificando a recomendação de evitar pronunciamentos públicos.
Apesar da orientação de silêncio, a Polícia Civil reforçou que está trabalhando na revisão de estratégias e na implementação de medidas para garantir mais segurança às vítimas de violência doméstica, buscando evitar que tragédias como a de Vanessa Ricarte se repitam.
Senhores Diretores de Departamento, Coordenadores, Assessores e Delegados Regionais
Boa noite,
Venho por meio do presente, solicitar os bons préstimos de Vossas Excelências no sentido de encaminhar para conhecimento de nossos Delegados de Polícia, Investigadores de Polícia Judiciária e Escrivães de Polícia Judiciária esta breve reflexão e apelo.
O momento que atravessamos exige de todos nós um olhar atento e comprometido com a nossa missão institucional. O trágico feminicídio que vitimou a jornalista Vanessa Ricarte gerou uma comoção sem precedentes, tanto entre seus pares de profissão quanto na sociedade em geral.
Esse episódio, que culminou na perda irreparável de uma vida inocente, requer uma profunda reflexão sobre nossos procedimentos, métodos e protocolos de atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica, de forma a buscarmos o aperfeiçoamento dos serviços e a efetividade da rede de proteção à mulher vítima de violência doméstica.
Ocorre que nesse momento de luto e comoção social, são inúmeros aqueles que se levantam em severas críticas ao atendimento prestado pela Polícia Civil por meio da DEAM, bem como ao protocolo estabelecido e aplicado atualmente pela rede de proteção, solicitando providências dos Governos Federal e Estadual para que fatos dessa natureza não mais ocorram.
Em meio a esse cenário, temos presenciado embates desnecessários entre policiais e críticos da atuação institucional, seja por meio de postagens, comentários ou respostas em plataformas digitais.
Nesse diapasão, faz-se imperativo conclamar a todos para que direcionemos nossos esforços à análise técnica dos fatos e de todas as circunstâncias que o cercam, em busca de soluções efetivas para o aprimoramento dos serviços prestados às mulheres vítimas de violência doméstica. Este não é o momento de embates, mas sim de respeito à dor, ao luto, à indignação pela perda de uma vida e de uma profunda reflexão para o aperfeiçoamento institucional.
Diante desse contexto, nosso compromisso, da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública e do Governo do Estado estão voltados à identificação de pontos de melhoria e aperfeiçoamento, à revisão de protocolos e à implementação de estratégias que fortaleçam a proteção das vítimas, garantindo-lhes maior segurança e efetividade nas medidas adotadas.
Portanto, sugerimos a todos os delegados de polícia, investigadores e escrivães a se unirem nesse propósito, abstendo-se de qualquer tipo de manifestação sobre o feminicídio que vitimou Vanessa Ricarte em sites e plataformas digitais a título de reação ou refutação de críticas e comentários de qualquer ordem, estando certos de que a istração Superior da Polícia Civil está adotando as medidas necessárias em prol do aperfeiçoamento e fortalecimento da instituição e de suas carreiras nesse momento crítico.
Atenciosamente,
Lupérsio Degerone Lúcio
Delegado-Geral da Polícia Civil